terça-feira, 30 de setembro de 2014

Vida

Na vida sempre encontrei
O que tinha de pior
E na vida achei também
Que quase não há ninguém
Capaz de dar o melhor.
E já vencida da vida
No que de mau tem pr’a dar
Deixo a vida circular
C’ a mais estranha medida
Que o mundo tem pr’ensinar!

Passagem

Quero rasgar este sopro de vida
Num golpe libertador
Lavar a negra dor
Na magia da ternura.
Elevar a concha energética
juntar-me à luz
abraçar o amor
abraçar a felicidade
perder-me no momento,
mergulhar na passagem
onde o tempo
deixa de ser tempo
para ser Eternidade.


Fátima Nascimento 19/02/2014

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Centauro Saher

www.centaurosaher.blogspot.com



Um grande poeta, músico e vocalista. Vale a pena seguir...



Ler Centauro Saher é abandonar o mundo onde vivemos para entrar num mundo harmonioso cheio de amor e sensibilidade.



Perseguição

Tentaram apanhar-me com tudo
Sem conseguir nada
E do nada
Quiseram apanhar-me
Com tudo.
Uma vitória do nada
Sobre o tudo
Que arranjaram,

O rosto da perseguição

Um rosto de fome de tudo
Um rosto de fome de nada
O mal da fome?
A fome do mal!

IMIGRANTE



Ao fundo da escada
No fundo da vida
Um braço esticado
A esmola pedida.
Menina mulher
Luta pela vida
Num fio de voz
Na língua perdida.
As palavras morrem
Nos rostos esguios
O braço recolhe
Os dedos vazios.
Longe da polícia
Perto dos turistas
A menina mulher
Nos olhos egoístas.
Um novo país
A nova miséria
Os olhos perdidos
A face séria.
Foge ao som agudo
Da voz doutra mulher
No aviso secreto
Um grito de mister.
Voa sem rumo certo
O corpo de menina
No peito aberto
A volta da esquina.
Vive num beco
Numa porta esquecida
A menina mulher
Que foge da vida.
Fátima Nascimento

Até quando?


Desdobro o pensamento
Na corrente da noite
Escondo os meus sonhos
Nos terrenos da memória.
Enfrento os olhos gélidos
Da censura cruel
Defendo os meus ideais
No coração
Do meu rosto.
E resisto.
E resisto
No silêncio da dor impotente
E resisto
Na tortura do corpo permanente
E resisto
Na tortura da mente inocente.
Até quando?
Até quando
Pode um ser humano
Resistir
À perseguição
À humilhação
Ao medo?
Até quando
Pode um ser humano
Viver
Com apreensão
Com ansiedade
Sem revolta?
Até quando
Pode um ser humano
Viver
Sem solução,
Sem liberdade
Sem esperança?
Como pode um ser
De luz
Estar sujeito
À escuridão?

Não há ondas no teu mar


Não há ondas no teu mar
mas há ondas no teu sol
é no sol do teu olhar
que me pinto e consolo!
Não há ondas no teu mar
Só a calma das marés
esbatida no teu ar
escondida nos teus pés.
E o brilho do teu rosto
incendeia a minha mão
semeia o teu fogo posto
no céu do meu coração.

Não mudo por ninguém

Vejo em mim
o que não vejo nos outros
e nos outros
o que não quero em mim.
Quero em mim
o que não vejo nos outros.
O que faço
não faz mal a ninguém
assim sendo
não mudo por ninguém!